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quinta-feira, 15 de abril de 2010

SUPERINTERESSANTE - KI FEIOOOOO







Senhor Sérgio Gwercman
Diretor de redação da revista Super Interessante

Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre
a encarei como publicação séria, fonte de informações a oferecer
subsídios para meu trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros
publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de
abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa
e tendenciosa, objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o
trabalho do grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com
sua assinatura, em que V.S. pretende distinguir respeito de
reverência, como se reverência não fosse o respeito profundo por
alguém, em face de seus méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por
adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica,
de que estamos diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo
bem da Humanidade do que mil edições de Superinteressante, uma revista
situada como defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de
pior existe na mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a
respeito de alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como pretende
seu editorial, como se fosse possível conciliar o certo com o errado,
o boato com a realidade, o achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores
dessa revista que em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo
se deram ao trabalho de ler os principais livros psicografados pelo
médium, sempre com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o
fenômeno Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e –
quem sabe? – um cuidado maior em futuras reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda
essa história começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A
história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro
Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os
espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas
parecia ser o escolhido por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo
Bilac, Augusto dos Anjos e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a
técnica de copiar estilo literário. O repórter não se deu ao trabalho
de observar que no próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas
desencarnados, menos conhecidos e até desconhecidos, como José Duro,
Alfredo Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz
Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal que se
identificam pelo seu estilo, em poesias personalíssimas enriquecidas
por valores de espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico
psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de
seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos,
conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil.
Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis
ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do
pastiche, a imitação de estilo literário, é extremamente difícil,
quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma página, uma
poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as obras de centenas de
autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz
durante toda a vida, sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz?
Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar
uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu
tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e
atendendo à atividade profissional. Não conheço um único documentário,
uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a
repórter Chico certamente escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua
biblioteca e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o
teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e
Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu
intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer
publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou
receber na justiça os direitos autorais pelas obras psicografadas por
Chico, o que seria ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da
manifestação dos Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que
Agripino Grieco, o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu
uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo
era autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não
tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a
possibilidade de manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo
mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com ambas as mãos
sendo usadas por dois espíritos. DesafioSuperinteressante a encontrar
um prestidigitador capaz de fazer algo semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na
referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário
produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido
pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por
especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria
superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel
Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William
Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos
outroscientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da
materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem eram esses
cientistas, para constatar que não agiam levianamente como está na
revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das
quais Chico participava como shows que o tornaram famoso e destila seu
veneno. Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que
era tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar
essa informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente
perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas
ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação
de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium
pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de
fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria
saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos.
No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o
assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista
Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores
de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no
ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem.
Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que
tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água
que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e
desconhecido que perdurava por muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de
cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a
repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando
informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda
que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler
rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem,
de cada espírito, mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os
recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis
recados. A pessoa aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de
sua vida, transmitia recados de familiares desencarnados, na condição
de um ser interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a
espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte
de um filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo
“ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares. Em
Uberaba recebeu mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso,
porquanto ele não estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário
mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava
horas psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal
dos pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento.
Na década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião
de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não
conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois
medicamentos. Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de
homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal.
Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare,
há mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã
sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre assuntos que
desconhece, com o atrevimento da ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno
Chico Xavier.
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar
alheamento, sensação de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a
opinião de um médico. Descreve algo inerente ao processo mediúnico,
que não tem nada a ver com desajuste mental, ou imagina-se que o
contato com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos
circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação? E porventura
o médico consultado sabe de algum paciente que produza textos
mediúnicos durante a crise epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças
escondidas no subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o
morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas informações para
forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da
cabeça dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto.
Como dizia Carlos Imabassahy, grande escritor espírita, inconsciente
velhaco, porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não
ele próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na
Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e
partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio
de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por
estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo
Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então
sim, com sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em
1971, na TV Tupi, um marco na história das entrevistas televisivas,
com uma quase totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi
“bombardeado por perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O
que foi essa entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador?
Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe
faria muito bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de
elevada espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores
“bombardearam” Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder as
perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para
safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box
sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico.
Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium,
simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria
ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via
internet que Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para
deter a queda de cabelos, seria razoável que alguma revista
concorrente citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem
verificação prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico
Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo
com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece
nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de
um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos
bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa
agressão contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier, eu
diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator, foi uma piada de
péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa
revista, sem o crédito que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e
Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica.
É uma pena! Não teve a sensibilidade nem o discernimento para
descobrir o médium Chico Xavier, cuja contribuição em favor do
progresso e bem estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do
que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão
dificuldade para conceber que um homem assim, em carne e osso,
transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um
mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como
espírita. E se algo se aproxima de um martírio em seu apostolado,
certamente foi o de suportar tolices e aleivosidades como aquelas
presentes na citada reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos
redatores da Super:
O dedo aponta a lua.
O sábio olha a lua.
O tolo olha o dedo.



Richard Simonetti
Bauru, 3 de abril de 2010.

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